domingo, 31 de julho de 2016

Animação Desanimada I - O Sacrifício


Animação Desanimada
Parte I - O Sacrifício

     Alguns aventureiros acordam em uma sala, nada além de uma porta fechada, um pequeno baú no chão e uma janela que se assemelha com aquelas de torre de vigia, não há como abrir ou fechar.


     Após perguntas sobre como foram parar ali, inicia-se a busca por uma saída. Porta trancada, baú trancado. Jean Jenmev aproxima-se da janela e percebe a dimensão do que há lá fora, eles estavam trancafiados na torre mais alta do castelo, confusa era a visão pois parecia um labirinto feudal com proporções gigantescas. Não conseguiam ver muros ou o que há além do terreno que o castelo está, apenas um emaranhado de casebres e torres.
     Jenmev, O Mago, percebe que no beiral da janela está uma pequena chave. Ao pegar... ela grita:
— Solte-me! Sai daqui!
     O espanto foi grupal, pensavam ter sido enfeitiçados com algum tipo de distorção sensorial ou embebedados com alucinógenos. Mas foi na tentativa de usar a chave na porta que as coisas continuam, pois a porta adiantou-se abrindo os olhos e uma grande boca:
— Esta chave pode ser usada apenas uma vez, pois após o primeiro uso, ela morre. Use-a com cuidado.
     A chave entra em desespero, tentando fugir das mãos do mago aos gritos:
— NÃO!!! SAI DAQUI!!!
     Neste momento travam um diálogo sobre onde usar a chave. Baú ou porta?
     A porta foi então aberta, e volta ao seu estado original, inanimada. A chave para de gritar, voltando a ser uma chave normal. Logo após soltar a maçaneta um longo e estreito corredor se mostra a frente. O Mago levou consigo o baú enquanto pensava em maneiras de abri-lo já que a chave fora usada. Elizabeth, A Pirata, toma a frente do grupo, e andam em fila por todo o corredor até chegar em outra porta ainda maior. Com sua adaga em mãos a pirata notou que esta, desta vez não está trancada e abriu sem dificuldades.


     Um salão redondo e enorme, no chão havia o símbolo da cruz da qual cada extremidade mostrava portas fechadas. Um elfo no chão, com muita dificuldade pede por ajuda:
— Mais perto, rápido... — com dificuldades ao falar pois o sangue jorrava em litros de sua boca — Você, Homem-Lagarto... presenteio a ti com meu arco élfico.
     Apontou para Davi Sifrit, O Escudeiro. Criatura de aparência humana e coberto por escamas em sua pele que não entendeu o motivo por ser agraciado naquele momento. Foi nisso que o elfo apontou para a direção oposta do salão principal e disse:
— Aquela criatura drenou minhas forças... matem-o!
     A Pirata avistou uma espécie de morcego que aparentava descansar, pois havia ingerido grande quantidade de sangue élfico e não conseguia fugir com destreza. Lançou rapidamente sua adaga contra a criatura alada, foi quando a lâmina abriu bocas e dentes afiados dizendo:
— Mais para a direita, querida... assim você vai errar.
     Elizabeth seguiu o conselho de sua adaga sem exitar, acertando em cheio a asa da criatura alada que tentava em vão alçar voo.
— SANGUE!!! — a adaga enlouquecia pouco a pouco — VAMOS ELIZABETH, TIRE SANGUE DOS OUTROS AGORA!!!
     A Pirata precisou conter os ânimos da arma que não mais era desanimada.
— Calma pequena... depois talvez... talvez depois...
     O elfo tenta em vão responder as perguntas dos outros...
— De qual porta vieste? — perguntava o Mago.
— De onde saiu esta criatura? — questionava o Escudeiro
— GM, posso abrir o baú? — aleatoriamente perguntava a Pirata...
     Com dificuldades o elfo diz:
— Eu vim daquela port... — e não consegue apontar a direção pois perde forças...
     E continua: 
— Esta criatura saiu de dentro de u... — e afoga-se em seu próprio sangue...
     Definhando, o elfo despede-se da vida assim como o sol despede-se no horizonte, lentamente. Decidem então abrir a porta ao norte, onde a cabeça da cruz desenhada no chão aponta uma possível explicação. O Escudeiro toma a frente, e encontra um longo e estreito corredor, exatamente como aquele que estavam anteriormente. A porta, lá no fundo começa a chorar:
— Não... por favor, não! — lamentava ela.
— Por que? — Perguntava Davi Sifrit, O Lagarto.
— Haverá derramamento de sangue! — Aos prantos a porta reprimia seu choro e desanimava-se, voltando ao seu estado original de porta.
     Do outro lado da porta que chora, outros aventureiros perguntavam-se como sairiam de lá, mesma sala com porta e baú trancados, e uma janela no beiral, foi quando ouviram o falatório do outro lado. A porta foi aberta pelo lado do corredor pelo Homem-Lagarto que imediatamente posicionou seu enorme escudo a frente, defendendo os que estavam atrás:
— Quem são vocês? — Perguntou o Escudeiro.
— Albert Wesker, Alfaiate, prazer! 
     Sendo ignorado, O Alfaiate percebe que as tensões aumentam entre o Escudeiro e Rayzen, O Paladino, que com as Espadas Gêmeas empunhadas prepara-se para um ataque.
— Vou amassar você! — Dizia o escudo de Davi, que agora abriu sua boca e mostrava olhos reluzindo vermelhidão.
     ZIN! Um ataque da lâmina das Gêmeas foi desferido contra o Lagarto, que defendeu com sucesso o impacto poderoso do Paladino. O problema agora era que o Escudo havia prendido uma das espadas de Rayzen em sua boca entre os afiados dentes. Instantes depois a inanimação toma conta do ambiente e agora uma das Gêmeas está presa magicamente na madeira do escudo, sem chance alguma de ser retirada por nenhum dos aventureiros.
     Jenmev, O Mago irrita-se com o ocorrido e volta pelo corredor, buscando abrir a 3° porta do salão principal, ao Oeste, aquela que o elfo estava mais próximo.


     Entre a cordialidade de Wesker, O Alfaiate e a agressividade de Rayzen, O Paladino, estava a neutralidade do terceiro aventureiro que seguiu O Mago até a porta Oeste. Blads, O Ladino.
     Jenmev tomou a frente do terceiro corredor, acompanhado por Blads e Elizabeth logo atrás.
     — Quem dentre todos vocês é o mais digno? — Perguntava outra porta falante.
     Instantes de inquietação e discordância entre o grupo foram seguidos da inanimação daquela que há pouco estava interrogando. Ao entrarem na sala ao Oeste, nada além de um pequeno baú trancado e uma janela, uma chave no beiral dela.
     Saem todos de lá e encontram-se novamente com todo o grupo no salão principal.
     O Paladino estava sem calças... pois o Alfaiate havia usado suas agulhas mágicas para rapidamente descosturar toda sua roupa, na tentativa de barrar possíveis confrontos entre Davi e Rayzen. 
      O cajado do mago lançou uma cortina de luz sob a porta Leste, a última porta ainda não aberta do 
salão principal...

. 

     O cajado pronuncia-se:
— Rápido! Não percebem o que está prestes a acontecer?
     Os corredores que levam as salas começam a deslocar-se... as paredes dos estreitos corredores se encontram lentamente. Fechando o acesso as salas... 
     O grupo decide correr até a última sala e pegar o baú, pois percebem que deixaram os outros dois da sala norte e oeste intactos. Ao chegar correndo na última sala a porta diz: 
— Quem... Quem dentre todos vocês é o mais digno?
     A pergunta foi ignorada em meio ao desespero, perceberam que a sala tinha apenas o baú e janela familiares como todas as outras salas. E saíram correndo, Elizabeth tenta abrir o baú com uma das chaves, e ao abrir... o espanto! A pequena caixa de madeira sai voando em disparada e posiciona-se no círculo avermelhado à direita da cruz que adorna o salão principal. 
     Sem opção o grupo agora está preso. Vozes ecoam por todo o salão... Choro, pranto, terror...
     O outro baú, que Jenmev havia deixado no chão ao pé da cruz, agora abre-se sozinho e posiciona-se à esquerda da cruz, em cima do círculo avermelhado.
     Os baús, abertos emanam uma luz vermelha-negra apavorante. Elizabeth atira sua adaga contra a luz, a lâmina é consumida de imediato, fazendo com que a Pirata perca seu item.
     Dois grandes e imponentes espectros tomam corpo, pronunciando em uníssono uma fúnebre e taciturna voz:
— Quem dentre todos vocês é o mais digno?
     Sem hesitar, Rayzen dá um passo a frente e diz:
— Eu, como Paladino devo julgar-me digno.
— Não há modo de sair deste local sem  um sacrifício. Quem dentre todos vocês é o mais digno?
— Eu, Rayzen, O Paladino Exilado! — Com voz firme confirma sua escolha.
     Os espectros agora pressionam fortemente o desenho da cruz no chão e fazem com que torne-se materializada no ambiente. 
     "Haverá derramamento de sangue"
     Levantam a cruz no centro da sala e tomam os punhos de Rayzen levitando seu corpo robusto rapidamente...
     "Não há modo de sair..."
     Um dos espectros materializa grandes pregos de ferro em sua mão,,,
     "...sem  um sacrifício"
     O outro, materializa um grande martelo de ferro...
— Poderás pronunciar suas últimas palavras para que os outros saibam de sua importância — Diziam em uníssono as fantasmagóricas figuras...
— Desejo um mundo melhor, e morrer como vivi... de espada na mão.
     Aos prantos e com a dor dos pregos adentrando seu punho, o Paladino perde forças vitais enquanto seu sangue desce de seu corpo.

     ...

     No momento em que a vida deixa Rayzen, os espectros desaparecem e retornam para os baús de onde saíram. Todos comovidos com a situação são pegos de surpresa, pois a cruz onde o corpo foi pregado abre olhos e boca e diz:
— Só há uma maneira de encontrarem com ele de novo...

FIM DA PARTE I - O SACRIFÍCIO

Professor Kozela